outubro, 2018
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Saberes, conhecimentos, capacidades e competências: uma questão social e política?
18h00 | Auditório 2 do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa
Os debates públicos em matéria de educação e, mais concretamente, ao nível das “profissões humanas” referem, com frequência, a imprecisão e a polissemia do vocabulário usado. Por exemplo, os saberes e os conhecimentos são tidos como conceitos equivalentes. Trata-se de conceitos usados, com frequência, de um modo indiferenciado para designar os produtos de uma investigação e os resultados de uma acção educativa. A mesma confusão se constata entre os conceitos de capacidades e competências. Na engenharia da formação, fala-se frequentemente de referenciais de competências, os quais têm por função orientar as acções educativas, contudo, ao mesmo tempo, as competências são definidas como inseparáveis da situação. Consideramos que esta diversidade semântica não traduz simples aproximações ou erros mas, pelo contrário, assume determinadas funções sociais.
Jean-Marie Barbier , CNAM-Paris
Conferências realizadas
“É, a luta educa. Simplesmente isso.”
Reinvenções da escola em ocupações no rio de janeiro
Em 2016, cerca de 80 escolas da rede pública de ensino do estado do Rio de Janeiro foram ocupadas por suas/seus estudantes, em defesa da educação pública e da democracia, no país e no cotidiano das salas de aula. Resistiram, por até dois meses, à pressão e à repressão de famílias, gestoras/es, milícias e forte campanha midiática. Relatam-se, neste seminário, as aprendizagens da pesquisa do Grupo de Estudos sobre Diferença e Desigualdade na Educação Escolar da Juventude/DDEEJ, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, que dialogou com essas/esses ativistas, em visitas às ocupações. Destacam-se as várias criações de ordem político-pedagógica que pudemos conhecer nessas conversas, e que entendemos se aproximar da skholé, a escola do tempo livre de que nos falam os teóricos Jan Maschelein e Marteen Simons.
A educação permanente no século XXI. Rede de iniciativas de apoio, criação e solidariedade
16h00 | Sala 7
O conceito de educação permanente supõe a ideia de uma sociedade inclusiva, sendo considerado um instrumento de desenvolvimento de sociedades mais capazes e integradoras. A extensão da ação educativa ao largo da vida e no âmbito dos itinerários pessoal e coletivo revela-se um apoio e estímulo ao desenvolvimento. Desta feita, envolve mulheres e homens que reforçam a sua identidade e constroem uma sociedade equilibrada, bem como crítica, uma sociedade que constitui novos espaços de ação coletiva.
Algumas décadas depois da sua criação, o que resta das aspirações veiculadas pela educação permanente? Faz sentido falar de educação permanente na segunda década do século XXI? O que é que a educação permanente nos traz? Como é que se concretiza em diferentes contextos? Será que educação permanente significa escolarização permanente? Será a educação permanente um luxo ao alcance de poucos? Será uma imposição ao serviço de que interesses? Podemos permitir-nos os custos associados às atividades de educação permanente? Como é que a educação permanente contribui para a vida em sociedade?
Nesta intervenção abordamos o que considerarmos poder ser a educação permanente no momento atual e no que poderá tornar-se no futuro próximo.
Angel Marzo, Universidade de Barcelona, Catalunha
Políticas de Educação de Adultos em Portugal: descontinuidades e tensões
16h00 | Instituto do Emprego e Formação Profissional do Porto
As políticas públicas de educação de adultos em Portugal, desde 1974, serão objeto de uma interpretação que assinala a fragilidade e a falta de tradição deste campo, bem como as descontinuidades de orientação e as tensões que o têm marcado e continuam a marcar até ao presente.
Com base num referencial teórico que tem sido construído ao longo da última década, propõe-se uma periodologia que destaca os impactos de três modelos de políticas de educação de adultos e sua predominância em determinados períodos: modelo democrático-emancipatório, modelo de modernização e controlo pelo Estado, modelo de gestão de recursos humanos.
Admitindo-se que as influências de cada modelo podem ocorrer em simultâneo e em combinações variadas, do que podem resultar orientações e práticas políticas e institucionais consideravelmente híbridas, conclui-se através de uma reflexão político educativa sobre os problemas e as contradições que marcam a situação atual.
Licínio Lima, Instituto de Educação da Universidade do Minho
À conversa com Sandra Pratas Rodrigues
• Seminário dinamizado pelos alunos do Mestrado em Educação e Formação – Organização e Gestão da Formação (Catarina Freitas, Cheila Almeida, Inês Rodrigues, João Rigo, Fernanda Santos) •
15h00 | Sala 7
A articulação entre a formação profissional e as situações de trabalho é uma dimensão que tem merecido um crescente reconhecimento, nomeadamente no que remete para o papel preponderante que essa relação tem no desenvolvimento dos saberes e competências dos trabalhadores.
Frequentemente aliadas às demandas desenvolvimentistas de um cenário social e económico de exigências permanentemente renovadas, quanto à pertinência e adequação dos saberes profissionais, as opções formativas das empresas articulam-se com os processos complexos de mutação nos sistemas produtivos e organizacionais. Esta articulação inclui alguns dos temas a abordar neste seminário que conta com a participação de Sandra Pratas Rodrigues, que abordará o estudo realizado no âmbito da sua tese de doutoramento
São objetivos deste seminário: Refletir sobre o papel da formação profissional na organização do trabalho numa grande empresa multinacional; Discutir a questão da relação entre a formação e o exercício do trabalho; Debater o modelo produtivo e organizacional da empresa à luz dos desafios que lhes são colocados; Proporcionar a troca de experiências referentes à temática através da dinamização de atividade(s) pedagógica(s) acerca das práticas formativas em contexto empresarial.
Ter acesso à educação não é um favor. É um direito humano! Os adultos imigrantes no Colorado, nos Estados Unidos da América
16h00 | Sala 7
Nesta conferência aborda-se as características da população hispânica nos Estados Unidos da América, com o propósito de discutir o “sonho” americano e o que este implica para as pessoas que imigram para este país. Num primeiro momento, contextualiza-se a situação do adulto imigrante, as suas características e atitudes relativamente ao espanhol e ao inglês, bem como os seus interesses em progredir em termos académicos e profissionais.
Chega-se então nesta conferência à descrição da oferta educativa Ready Program dirigida a adultos imigrantes com recursos económicos escassos, mas com interesse em melhorar o nível de inglês e as suas condições de vida. O referido Programa tem como objetivo facilitar a integração dos imigrantes na sociedade americana e fomentar as suas oportunidades académicas e laborais. É através da oferta educativa Ready Program, que integra voluntários da comunidade, que se procurou conscientizar acerca das diferentes necessidades das famílias de imigrantes e que se visou obter apoio das diferentes instituições escolares e dos setores dos transportes e da saúde. Este programa serviu também para sensibilizar os adultos imigrantes sobre os direitos humanos, como o direito à educação, independemente do seu estatuto migratório. A estes imigrantes proporcionou-se assessoria legal, de modo a que soubessem o que fazer quando os seus direitos laborais eram violados. Desenvolveram-se diversas atividades que promoveram a língua e a cultura dos imigrantes, de modo a que se sentissem orgulhosos de si próprios e do seu país de origem; visou-se também que os seus filhos, que também se encontram nos Estados Unidos, mantivessem as suas tradições de origem.
Karla Del Carpio, Universidade do Colorado do Norte, Estados Unidos da América
À conversa com Alda Bernardes
• Seminário dinamizado pelos alunos do Mestrado em Educação e Formação – Organização e Gestão da Formação (Beatriz Almeida, Joana Costa, Hernani Sumbo, Luís Cuanga, Samira Ortet) •
15h00 | Sala 7
A partir do seu trabalho e da realização do estudo exploratório Políticas e Práticas de Formação em Grandes Empresas: Situação Actual e Perspectivas Futuras (2011), Alda Bernardes, gestora de formação e formadora, faz uma incursão por várias grandes empresas de forma a perceber a situação actual e futura das políticas de formação nas grandes organizações empresariais em Portugal. Tendo em conta o desenvolvimento económico e social em que se encontra o país, nesta conferência a autora dará a conhecer e a esclarecer o estado actual de formação dos trabalhadores na situação corrente das empresas, elucidando como estão os grandes empregadores a responder aos desafios impostos pelas realidades da economia internacional.
São objectivos deste seminário: Familiarizar o público interessado com as questões relacionadas com a área de gestão de formação; Compreender a situação actual da formação profissional nas grandes empresas em Portugal; Discutir lógicas de formação profissional nas grandes empresas em Portugal; Perspectivar o processo de formação profissional no contexto de trabalho em Portugal.
Para uma Educação-Formação de Adultos Integrada e Integral
14h30 | Auditório do Museu de Portimão
Jean de Caritat, mais conhecido por Condorcet – uma das figuras mais influentes da Revolução Francesa – é justificadamente reconhecido como o “Pai” da Educação Permanente. Condorcet queria uma responsabilidade do Estado, uma “instrução pública”, para todos, para a “massa inteira de um povo”, desde os “primeiros anos” até “ao resto da vida”. E pretendia que essa instrução abrangesse “tudo o que uma pessoa precisa de saber”: educação cívica, educação política; educação ética, educação crítica, educação racional, educação profissional, educação económica…
Já nos meados do século XIX, Frederik Grundtvig e Kristen Kold lançavam, na Dinamarca, um movimento de educação de massas, assente nas Escolas Superiores Populares, que é ainda hoje reconhecido como a origem da Educação de Adultos moderna. Paralelamente e à escala dos países mais avançados, as tendências convergentes de industrialização e urbanização, as mutações tecnológicas e as consequentes alterações nos processos de trabalho estavam a criar exigências novas, quantitativas e qualitativas, relativamente à formação da mão-de-obra.
Empresas, empregadores e também alguns sindicatos pressionavam os poderes públicos no sentido de assegurarem uma força de trabalho mais qualificada, com maior escolaridade, mas também com mais conhecimentos técnicos. De uma forma sistemática, porém, só após a II Guerra Mundial esta preocupação se veio a traduzir em política pública, como resposta às grandes convulsões provocadas pelo conflito e aos grandes planos de reconstrução e modernização do sistema produtivo e do tecido económico.
Aponta-se como marco histórico da Educação Permanente o Relatório da Comissão da UNESCO coordenada por Edgar Faure, intitulado “Aprender a Ser” e publicado em 1972. Depois disso, o que se observa, efectivamente, nas mais recentes tendências dentro do campo da Educação de Adultos é um desígnio de coerência e de integração de elementos que anteriormente se encontravam separados ou em real ou aparente antagonismo. Durante muito tempo, colocou-se em oposição, por um lado uma educação de adultos cultural ou uma educação de adultos cidadã e, por outro lado, a formação profissional, esta última considerada como processo de natureza predominantemente técnica, uma mera aprendizagem de gestos repetitivos, manuais, mecânicos.
Em Portugal, verificou-se um esforço real, a nível de política pública de integração entre a educação de adultos e a formação profissional, a partir da 5ª Conferência Internacional de Educação de Adultos da UNESCO, que teve lugar em Hamburgo, em Julho de 1997. A primeira finalidade política da aproximação entre os ministérios da Educação e do Trabalho e Solidariedade era então de abrir, o mais largamente possível, o leque de opções disponíveis ao aprendente adulto: as vias “escola”, “formação profissional”, “cursos de educação e formação de adultos” e ainda o acesso a um processo de reconhecimento, validação e (eventual) certificação de competências.
No início do presente século, portanto, com uma moldura jurídica e organizativa assegurada e estando também garantida a vontade política dos decisores governamentais relevantes e o apoio dos parceiros sociais e da sociedade civil em geral, Portugal reunira enfim as condições necessárias para começar a construir uma Educação para todas as pessoas, para a pessoa no seu todo, e em todos os tempos e espaços de vida. Uma política coerente, abrangente e estável de Educação-Formação Permanente poderia então conduzir o país na via de uma “sociedade educadora”. Apesar de ter prosseguido alguns avanços, uma tal política, obstaculizada por barreiras poderosas, manteve-se, no entanto, adiada até aos nossos dias…
Alberto Melo, Universidade do Algarve, Associação Portuguesa para a Cultura e Educação Permanente
Formação, Experiência e Trabalho. A formação com e sem a experiência
18h00 | Auditório 2 | Instituto de Educação da Universidade de Lisboa
A experiência de trabalho pode ser fonte de aprendizagem e de desenvolvimento, mas também pode estar na origem de aprendizagens limitadas, redutoras e despoletar a degradação de capacidades. O filósofo John Dewey distinguiu « fazer uma experiência » e « ter uma experiência ». Fazer uma experiência mobiliza o individuo, mobiliza o seu pensamento e suscita actividades cognitivas exigentes que são fontes de aprendizagem e de desenvolvimento. O Psicólogo Kahneman (2011) demonstra esse mesmo fenómeno. Para aprender, é necessário assegurar condições que permitam os indivíduos fazer experiências. Nesta conferência evocaremos as condições de aprendizagem pela experiência, no contexto de trabalho, e os meios através dos quais podemos assegurar condições de trabalho que tornem este contexto aprendente ou formativo. Evocaremos também como a formação pode estar na origem do fazer experiências ricas, fora do trabalho, com um grande contributo no desenvolvimento as capacidades profissionais.
Patrick Mayen, Université de Bourgogne Franche-Comté/Agrosup Dijon
Histórias de Vida e Formação
18h00 | Auditório 2 do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa
A noção de aprendizagem biográfica surgiu no campo da formação profissional contínua, por um lado, ligada ao reconhecimento de saberes e de competências resultantes da experiência, por outro lado, associada a processos e conteúdos de formação individualizados, em termos de percursos pessoais e profissionais. Com a emergência do papel fundador da relação biográfica com a formação, as dinâmicas de formação baseadas nas “histórias de vida” dão acesso à dimensão experiencial dos processos de aprendizagem e à lógica da construção biográfica, a partir da qual resultam a aquisição e a apropriação dos saberes. A partir das noções de saber da experiência e de constituição biográfica do saber, a noção de aprendizagem biográfica contribui para a emergência de uma teoria biográfica da aprendizagem.
Christine Delory-Momberger, Université Paris 13
Conferência de acesso livre, com inscrição obrigatória
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Hora
(Terça-feira) 18:00
Localização
IE-ULisboa