
Projecto AREA, Avaliação reguladora do ensino e aprendizagem
Maria Leonor Santos
Os resultados escolares que se têm verificado nos alunos portugueses têm constituído uma preocupação aos diversos níveis da sociedade portuguesa. Existe uma corrente que se faz ouvir em diversos meios de comunicação social que aponta para solução deste problema o reforço de momentos de avaliação sumativa. Contudo, partindo de um paradigma que perspectiva que o fim último da escola é possibilitar que os alunos aprendam a aprender (Delors et al., 1996), todos eles, preconizamos o desenvolvimento de práticas de ensino e de avaliação sustentadas numa compreensão profunda de cada aprendente, que visam tornar o aluno um aprendiz consciente e activo da sua aprendizagem, auto-reflexivo e auto-avaliativo. Embora desde 1992, os sucessivos normativos que regulamentam a avaliação das aprendizagens dos alunos em Portugal destaquem a importância de uma avaliação ao serviço da aprendizagem, a evidência da investigações desenvolvida aponta que (i) há na generalidade uma valorização conceptual da avaliação formativa sem contudo pôr em causa a avaliação sumativa; (ii) em termos das práticas avaliativas parece haver um desfasamento entre a cultura escolar assente em práticas de avaliação sumativa e aquilo que os professores gostariam de fazer, praticar uma avaliação mais formativa; (iii) os estudos que revelam uma maior convergência entre o que se pensa e o que se faz em termos de avaliação formativa, mostram que esta convergência passa por processos de transformação de práticas mais tradicionais em práticas mais formativas (Barreira & Pinto, 2005).
Isto revela-nos que a consistência entre as concepções e as práticas, embora se influenciem mutuamente, não se estabelecem de forma linear e simples.A adesão a novas perspectivas de avaliação é mais fácil do que a sua consubstanciação em práticas consistentes de avaliação formativa. Também em três estudos mais recentes, um que analisa a investigação desenvolvida na área da avaliação pedagógica em Matemática no 3º ciclo e secundário (Santos, 2003), outro sobre a avaliação formal no 1º ciclo (Pinto, 2002) e, ainda, um estudo sobre a opinião dos alunos sobre o que é a avaliação (Santos & Pinto, 2003) permitem perceber que as práticas dominantes assentam ainda largamente numa perspectiva sumativa, onde o juízo avaliativo sobre o estado do aluno, as notas e os testes são elementos centrais.
De acordo com a situação descrita parece-nos de todo pertinente desenvolver um estudo que tenha por principal objectivo compreender que tipo de práticas avaliativas contribuem para o sucesso educativo dos alunos do pré-escolar e do 1º ciclo, em geral, e dos 2º, 3º ciclos e secundário em Matemática, isto é, quais as práticas avaliativas que são favorecedores da aprendizagem dos alunos. (…) Espera-se que o projecto contribua para uma real prática de avaliação ao serviço da aprendizagem nas escolas portuguesas, contribuindo desta forma para o sucesso educativo dos alunos (5-18 anos), em particular em Matemática, para o desenvolvimento profissional dos professores e com eventuais implicações para a formação de professores.
FCT. PTDC/CED/64970/2006